As autoridades do distrito de Inhambane estão satisfeitas com os níveis de produção e comercialização agrícola alcançados durante o ano de 2021, durante o qual foram colhidas 18 mil e 918 toneladas de alimentos, de um plano de 18 mil e 48, com maior destaque para as 14 mil e 328 toneladas só de hortícolas.

Hortícolas, manga e carvão, na vanguarda das novas tendências de produção

Para além do distrito de Inhambane, agricultores em Inharrime e Mabote estão a ter bons resultados na produção de manga em carvão.

Do total das toneladas colhidas no distrito de Inhambane, 14 mil e 328 são hortícolas. Os resultados satisfatórios foram alcançados devido a vários factores, um dos quais é o empenho diário de um total de três mil e 940 produtores assistidos por 10 extensionistas que, na sua maioria, se dedicam à produção de cereais e hortícolas diversas.

De acordo com o Administrador do Distrito de Inhambane, Américo Adamugi, o “desempenho positivo” do sector agrícola foi também influenciado pela queda regular das chuvas, para além da entrega dos agentes de extensão rural e dos próprios produtores na assimilação das técnicas de produção agrícola.

O Executivo distrital está empenhado no incentivo à produção de comida a nível de Inhambane. “Durante o ano passado, distribuímos aos produtores 440 quilogramas de sementes de milho, mil e 75 quilogramas de batata-reno e 4.7 quilogramas de hortícolas diversas a um total de 3 mil 820 produtores de todas as baixas a nível do nosso distrito de Inhambane”, disse Américo Adamugi.

Nem tudo foi “mar-de-rosas” no sector. Segundo o administrador, esforços deverão ser acrescidos à produção de culturas de rendimento, especialmente a castanha-de-caju porque Inhambane conseguiu colher mil e quatro toneladas, de um plano de mil e 315, o que representa um alcance de apenas 76.3 porcento. Acredita-se que a baixa na produção de castanha está relacionada à fraca adesão dos produtores ao processo de pulverização dos seus cajueiros.

Os números de comercialização agrícola também estão em alta em Inhambane. Em 2021, o distrito conseguiu vender cinco mil e 451 toneladas de produtos diversos, de um plano de cinco mil e 675 toneladas. As culturas mais vendidas foram os tubérculos. Entretanto, não se pode dizer o mesmo em relação à produção de coco e batata-doce.
“Alcançamos 96.7 porcento e o mais baixo desempenho notabilizou-se na comercialização da batata-doce ao alcançar 36. 3 por cento. Apesar de não termos conseguido alcançar uma boa comercialização destas duas culturas, a comercialização no seu todo foi um sucesso pois ultrapassamos a meta planificada em 224.3 toneladas”, satisfeito, disse Américo Adamugi.
Pecuária

Inhambane registou, durante o ano de 2021, a existência de 30 mil e 51 animais diversos, com maior destaque para dois mil e 685 cabritos e duas mil e 104 cabeças de gado bovino. Segundo Américo Adamugi, a sanidade de todos aqueles animais foi garantida pela realização de banhos carracicidos e várias campanhas de vacinação contra diversas doenças. “Conseguimos vacinar 1 milhão e 64 mil e 752 animais e tivemos 14 mil 605 animais que foram banhados contra carraças, carbúnculo hemático e assintomático. Mesmo assim, vamos continuar a sensibilizar as populações para aderirem cada vez mais às campanhas que são promovidas para os banhos carracicidas como forma de massificar a sanidade animal para certificarmo-nos de que não haja perdas”, avançou a fonte.

Pesca

Inhambane é banhado pelo Oceano Índico e recheado de água que torna a baía uma potência em produção pesqueira. O governo distrital havia planificado capturar três mil e 579 toneladas de pescado, mas conseguiu muito mais. “Ultrapassamos a meta uma vez que capturamos três mil e 935 toneladas de pescado. Para o sucesso desta actividade contamos com a colaboração dos Conselhos Comunitários de Pesca que estão a funcionar a nível das comunidades pesqueiras”, indicou Adamugi.
O interlocutor disse ainda que, para melhorar a produção pesqueira e melhor gerir o sector, o governo distrital constituiu e oficializou o Comité de Cogestão Costeira. “Queremos que este tipo de actividade beneficie a todas as comunidades do distrito”, justificou Américo Adamugi.

Produção de manga está em alta em Inharrime

Para além de Inhambane, o distrito de Inharrime, está a revelar-se um dos grandes produtores de manga a nível nacional. Na campanha agrícola 2021/2022, um único produtor conseguiu colher 370 mil e 665 toneladas de manga. É tanta produção que os agricultores já começam a pedir a instalação de mais fábricas para processamento da manga.
O feito de 370 mil e 665 toneladas é do agricultor Ernesto Cumbi, que vive no povoado de Mavunjane, na localidade de Chacane. Ernesto Cumbi conta que, trabalhando numa área de 24 hectares, durante a campanha agrícola 2021/2022, ganhou 700 mil meticais só do cultivo e venda de manga. “Com o dinheiro, abri dois furos de água para vender em zonas onde há carência de água. A informação que tenho é de que os furos vão beneficiar cerca de 300 famílias que antes percorriam longas distâncias à procura de água”, contou Ernesto Cumbi.
Um dos desafios do produtor de mangas é o combate à mosca da fruta, mas a Universidade Eduardo Mondlane (UEM) já está a trabalhar com os produtores locais com vista a eliminar os impactos da mosca. “A UEM está a fazer uma pesquisa. Colocou armadilhas para capturar os machos da mosca. Em cada final do mês, a Universidade vem levar as amostras para o laboratório como forma de descobrir o medicamento eficaz para eliminá-la”, contou Ernesto Cumbi.

Produtor pede fábrica para processamento de manga

Está a haver um excesso de produção da manga em Inharrime. Toda a produção dos agricultores é absorvida pela empresa AfriFruta, por sinal, a única que trabalha no ramo de processamento de manga a nível do distrito.
Porque a produção é muita, a AfriFruta adoptou um sistema de absorção em escala. “Agora há muita concorrência na produção da manga através da publicidade que a AfriFruta fez incentivando a população para produzir mais manga. Quando a fábrica leva cerca de sete toneladas de fruta, o produtor deve esperar uma ou duas semanas para meter outra quantidade. Essa paragem faz com que nós acumulemos prejuízos, porque a manga vai-se estragando devido à mosca que paulatinamente ataca a fruta” – disse Ernesto Cumbi acrescentando – “Nos próximos anos, a fábrica não vai conseguir processar toda a fruta porque, a cada dia, nascem mais produtores. Por isso, pedimos ao governo que mobilize mais parceiros para montar mais uma fábrica de processamento da fruta”.

Produtoras em Mabote satisfeitas com rendimentos do carvão

Se em Inharrime os produtores estão a investir na manga, em Mabote é o carão que se revela sucesso. Um conjunto de mulheres do distrito de Mabote, na província de Inhambane, estão empenhadas na produção de carvão vegetal, uma actividade de rendimento que contribui para a subsistência de várias famílias, mas que, durante anos, vinha sendo exercida maioritariamente por homens.

Em 2021, Alda Armando, natural de Gubogubo, em Mabote, é uma das várias mulheres que se uniu ao seu esposo para ganhar dinheiro com a produção de carvão. A produtora já conta com quatro fornos de onde consegue uma renda que, segundo ela, compensa.

‘’Vendemos aqui em Gubogubo para clientes de vários cantos do país, especialmente os que vivem em Inhambane, Maxixe e Maputo” – disse a fonte acrescentando – “Em cada forno, produzo entre 30 e 50 sacos de carvão, cada um dos quais custa 200 meticais.”

Os cálculos do negócio de Alda Armando indicam que, em cada produção, a mulher consegue entre seis mil e dez mil meticais. “Conseguimos obter dinheiro para, entre outras despesas familiares, adquirir comida, roupa e material escolar para duas crianças da oitava e décima classes, de um total de sete filhos que temos’’, contou Alda Armando, mulher que também se dedica à agricultura, cultivando amendoim, milho e mapira, assim como à pecuária, criando gado bovino.

A jovem Carmina Alexandre, outra produtora de carvão vegetal em Gubogubo, também está a investir na área desde o ano de 2021. Tem actualmente dois fornos em cada um dos quais consegue até 50 sacos de carvão. “É um trabalho difícil, mas vale a pena porque que dá lucro. Vendo o saco a 200 meticais. Junto com o meu marido, estamos a guardar o dinheiro que ganhamos com a venda de carvão. Queremos investir num outro negócio, assim como queremos construir uma casa melhorada”, contou a produtora.

A produtora teve de vencer algumas barreiras de discriminação social para trabalhar na área de carvão. “Muitas pessoas riem-se de nós. Vêem-nos sujas com o pó de carvão e dizem que estamos a ficar escuras, mas nós sabemos o que estamos a fazer. O carvão é um negócio que vale a pena e as mulheres deviam experimentar”, recomendou a produtora Carmina Alexandre.