O sector da agricultura no distrito de Inhassoro, na província de Inhambane, está satisfeito com os níveis de produção de comida para erradicar a fome, ao alcançar uma colheita de 70 mil e 612 toneladas, numa área de 28 mil e 996 hectares de produtos diversos na campanha 2020/21, trabalho que envolveu 70 grandes produtores.

Segundo o director do Serviço Distrital de Actividades Económicas (SDAE) de Inhassoro, Romão Lambussene, o alcance da meta acima foi graças ao empenho dos técnicos do SDAE e das condições climáticas que favoreceram para produção daquela quantidade de comida.

“A nossa agricultura é de sequeiro, dependemos da chuva. Na presente campanha caiu com regularidade, também tivemos acompanhamento técnico, para além de que, contamos com reforço de nove extensionistas que foram alocados – ao distrito, através do programa SUSTENTA, o que totaliza 23 técnicos que prestavam assistência aos nossos produtores”, disse Lambussene.

O director do SDAE referiu ainda que para além da assistência técnica, um outro motivoque ajudou para atingir os 100 porcento da produção agrícola, tem a ver com o reforço de sementes, por um lado e por outro. “ A distribuição de sementes melhoradas através da Direcção Provincial de Agricultura e Pescas de Inhambane e, do Instituto Nacional de Redução de Riscos e Desastres (INGD) ”, informou Lambussene.

Para a campanha agrária de 2021/2022, de acordo com Lambussene, o plano era de superar as metas de produção, mas isso poderá não se verificar devido à queda tardia da chuva que iniciou nos finais do mês de Janeiro último, enquanto a época da sementeira inicia nos meses de Novembro e Dezembro.

“Embora as chuvas tenham iniciado a cair no fim de Janeiro, se assim continuarem, aventamos uma boa perspectiva, onde a nossa previsão é de lavrarmos uma área de 31 mil e 403 hectares. A perspectiva de produção é de 75 mil e 406 toneladas, tendo em conta que os solos de Inhassoro são muito bons para a produção agrícola, o que inviabiliza tem sido a chuva”, explicou o director do SDAE de Inhassoro.

Lambussene lamenta o facto de ter um número reduzido de extensionistas, pois o distrito só tem 23 técnicos de extensão agrária. “Na verdade o nosso distrito é extenso, aliado a insuficiência de meios circulantes, acaba sendo difícil a assistência dos produtores, se conseguíssemos ter 50 técnicos diríamos que estamos no bom caminho para assistência em tempo real a todos os produtores, uma vez que em Inhassoro quase toda a população pratica agricultura.

Pesca

De acordo com SDAE de Inhassoro, o distrito é uma referência ao nível da província de Inhambane na prática da actividade pesqueira, com um total de dois mil e 760 pescadores inscritos e 330 embarcações, onde estes conseguiram amealhar nove mil e 426 toneladas no ano transacto.

O director do SDAE, Romão Lambussene, informou que a maior parte do peixe fresco de Inhassoro é canalizado para grandes cidades do país com destaque para Maputo e Beira e, o peixe seco é transportado para a região norte, concretamente na província de Nampula.

Como forma de garantir a multiplicação e consequente crescimento do peixe, a fonte disse que o governo e os pescadores adoptaram mecanismos de veda da actividade pesqueira durante um dado período, pois os pescadores reclamam a falta de peixe no mar devido a algumas formas nocivas usadas, o que faz com que o peixe pequeno fosse arrastado. “Por esse e, outros motivos, adoptamos a prática de veda e defeso da actividade de 01 de Fevereiro até Março de cada ano”, reforçou Lambussene.

Aquele responsável disse ainda que pelo facto de se notar a escassez do pescado, o governo e parceiros estão a sensibilizar os pescadores para abraçarem outras oportunidades de sustento como alternativas a pesca.

“Os pescadores reclamam a escassez de peixe no mar o que fez com que eles percorram longas distâncias a procura de locais com abundância do pescado por isso nós como governo em parceria com outras organizações não-governamentais estamos a sensibilizar os pescadores para adoptarem outros mecanismos de sobrevivência com destaque para a piscicultura e criação de frangos”, disse a fonte.

Pescadores querem adoptar mecanismos de sobrevivência

Devido as mudanças climáticas e pesquisas feitas pela SASOL na propensão de gás e o uso da rede de arrasto na actividade piscatória, tornou-se cada vez mais notória a escassez de peixe o que obriga os pescadores navegarem longas milhas em mar aberto a procura do pescado pondo em risco a própria vida porque os barcos não estão equipados para navegarem nos locais onde existe peixe em abundância.

Segundo o presidente do Conselho Comunitário de Pesca (CCP) de Feiquete, Januário Alberto Queixo, com um efectivo de 150 membros, dos quais 35 são mulheres, a produção de peixe nos últimos anos está a decrescer por falta de algas para alimentar o peixe e outros fenómenos naturais que impactam negativamente na sua actividade.

A fonte disse ainda que como forma de se apurar as reais motivações do desaparecimento das algas, no ano passado, uma equipa do Instituto de Investigação Pesqueira deslocou-se para Inhassoro, onde removeram quantidade significativa de algas para um estudo no laboratório da Universidade Eduardo Mondlane na capital do País.

Para Queixo, a única alternativa que lhes resta neste momento, é adopção de novas actividades para obtenção de alimentação para a sobrevivência. “No mar já não tem peixe, como forma de termos algo para comer, o Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas e parceiros estão a nos ajudar através do projecto Faiquete Kuzuanana, onde serão construídas duas capoeiras, das quais uma de poedeiras e a outra de frangos de corte, valor já desembolsado de um milhão 585 mil meticais, doado pela ONG, denominada RARE, considerado como projecto alternativo a pesca”, explicou Januário Queixo.

O presidente do CCP de Mucocuene, João Mandigo, com cerca de 300 associados, disse que a falta de peixe no mar tem como culpado o factor humano na medida em que existem muitos pescadores que sufocam o mar e, a outra causa tema ver com as mudanças climáticas aliadas aos ciclones que devastaram os recifes de coral e algas que servem de alimentação do peixe, o que vai afectar muita gente que depende da pesca para sua sobrevivência.

“Podemos afirmar que o mar já não suporta a pressão do homem, se notar no passado, as embarcações que se faziam ao mar eram poucas e hoje em dia temos acima de 40 barcos com muitos pescadores alguns deles, fazendo pesca de arrasto e outros, pesca a linha, para além desses ciclones que de certa forma, arrastam as algas que servem de alimento do peixe”, referiu Mandigo.

O interlocutor explicou que para maior multiplicação do peixe, o governo devia interditar a emissão de licenças de pesca e orientar os pescadores a procurarem outras alternativas de sobrevivência, tendo acrescentando ainda que há necessidade de sancionar todos os pescadores que se fazem ao mar no período de veda e/ou defeso, como também fiscalizar e suspender as licenças das embarcações que usam artes nocivas à pesca.

População de Nhapele quer mais apoio da SASOL

A população da localidade de Nhapele, localizda a 40 quilómetros da vila sede do distrito de Inhassoro, composta por quatro povoados e uma população de mil e 286 habitantes, dos quais 706 são mulheres, quer mais apoio por parte da empresa SASOL.

Segundo Isak Gustavo, residente em Nhapele, a SASOL já esteve naquela região em anos passados e prometeu reabilitar a via de acesso que liga a EN1, como também a colocação de energia eléctrica e construção de uma escola secundária ou mesmo salas anexas para reduzir as distâncias que as crianças percorrem para o ensino secundário, mas até hoje nada aconteceu.

O chefe da localidade de Nhapele, Custódio Dionísio, disse que o grito de socorro das populações é legítimo e olhando para a energia eléctrica, apenas existe no centro de saúde local, pois na escola primária local pessoas de má-fé, vandalizaram os painéis e saquearam as baterias.

“Na verdade as populações têm razão nalguns aspectos, com destaque para energia eléctrica que apenas existe no centro de saúde de Nhapele. No que diz respeito a salas anexas ou escola secundária iria reduzir as longas distâncias que – as crianças percorrem, visto que os alunos devem deslocar para Inhassoro e fixar uma residência para poderem ter aulas do ensino secundário e isso cria transtornos para os pais e encarregados de educação que dependem somente da agricultura para alimentar os seus dependentes”, explicou Custódio Dionísio.