O Instituto Agrário de Boane (IAB), na província de Maputo, está sem dinheiro para manter funcionais as suas infra-estruturas e executar alguns projectos de impacto nacional que, há anos, se encontram paralisados.

O IAB é uma instituição pública do ensino técnico-profissional, vocacionada para a formação de técnicos médios em agro-pecuária. A directora-adjunta pedagógica da Instituição, Rosalina Macie, conta que, por escassez de fundos, o Instituto não tem sequer água canalizada. “Estamos a comprar até água. Não temos material didáctico suficiente para os professores e alunos e nossos tanques piscícolas estão despovoados”, contou a fonte.

Um projecto de produção de peixe no IAB iniciou em 2012, mas, passados quase 10 anos, nem peixe vai nem peixe vem. “Ainda não se criou nenhuma tilápia porque os tanques foram construídos com alguma deficiência. As infra-estruturas precisam de uma correcção antes de procedermos com o processo de povoamento”, disse Rosalina Macie.

Com a correcção e povoamento dos tanques piscícolas, a directora-adjunta acredita que o IAB terá grandes vantagens do ponto de vista alimentar, uma vez que os peixes poderão ser consumidos ou vendidos, e do ponto de vista curricular, porque poderão ser desenhados módulos sobre a produção de peixes em cativeiro.

Rosalina Macie reconhece que o ensino baseado em padrões e competências é bastante exigente em material didáctico, sem o qual não é possível levar a bom termo as exigências de aprendizagem agro-pecuária.

Por isso, estamos a recorrer à boa vontade das pessoas e a parcerias que temos com empresas circunvizinhas. Socorremo-nos a essas empresas para oferecer aos formandos serviços que, como instituição, não conseguiríamos oferecer sozinhos, principalmente a componente prática” – disse a fonte avançando – “temos tido sim apoio do governo a todos os níveis, desde o Serviço Distrital até à Secretaria do Estado, mas a ajuda não está a permitir sanar todas as nossas dificuldades”.

O Instituto Agrário está, na medida das suas capacidades, a contribuir para o desenvolvimento do País. Desde a sua fundação, a 21 de Setembro de 1988, já colocou no mercado de trabalho mais de dois mil e 500 técnicos agro-pecuários em várias áreas operacionais. “Directa ou indirectamente, contribuímos para o aumento da produtividade em Moçambique, através da divulgação ou disseminação de conhecimentos em matérias de produção de alimentos, saúde e conservação do solo, porque nossos módulos obrigam os formandos a prenderem essas matérias e estes transferem os conhecimentos para as comunidades onde vão trabalhando”, disse Rosalina Macie.

Auto-suficiência como sonho do IAB

O Instituto foi recentemente seleccionado para executar um projecto de “Centro de Referência” que preconiza uma formação de melhor qualidade, respeitando as expectativas do produtor com vista ao aumento da empregabilidade dos graduados. “Este Projecto tem quatro pilares, entre os quais o reforço da capacidade institucional e das matérias de capacidade operacional. Achamos que, ao desenvolvermos o Projecto, poderemos passar para uma sustentabilidade a médio prazo e, como o provável Centro de Referência para o País, vamos colocar no mercado novas técnicas de cultivo que permitirão a obtenção de produtos frescos durante o ano todo. Vamos aproveitar incluir, nesse Projecto, um pequeno plano de sustentabilidade institucional”, contou Rosalina Macie.

A dirigente já tem tudo planificado. O primeiro passo será a aposta na produção escolar, seguida do reforço paulatino no desempenho na produção. Para empresas locais, a Instituição vai introduzir serviços tais como testes, análises de solo, assim como avaliações do teor de nutrientes em espaços passíveis de uso de adubos orgânicos.

São muitos os agricultores que produzem o adubo orgânico, mas não se tem onde fazer o teste para saber qual é o teor de nitrogénio ou fósforo. Nós achamos que serviços como estes são uma saída que nos vai valer alguma renda. Faremos também o agro-processamento de alguns produtos”, contou a fonte antes de revelar que um dos nossos sonhos do IAB é colocar a sua marca nas prateleiras dos grandes supermercados de Maputo.