O Serviço Distrital de Actividades Económicas (SDAE) de Mandlakazi, na província de Gaza, prevê para a campanha agrícola 2021/2022, produzir mais de 500 mil toneladas de produtos diversos numa área de 80 mil e 291 hectares, mas vai precisar de apoio para enfrentar desafios como chuvas em excesso, pragas e deficientes infra-estruturas de produção agrícola.  

Para atingir os respectivos números, já foram lavrados 73 mil e 198 hectares e semeados 63 mil e 725, o que corresponde a 80 porcento do planificado.  

Segundo a directora do SDAE , Ercília Cau, estão criadas as condições para a melhoria do sector agrário em Mandlakazi, que está agora com capacidade técnica para trabalhar com os mil e 260 produtores existentes e ultrapassar as metas de produção que não têm sido atingidas nas últimas campanhas agrícolas.

Para fazer face à campanha que acaba de iniciar, já temos à disposição três mil 150 quilogramas de semente diversa. As culturas no campo estão a mostrar um bom aspecto vegetativo. Tivemos chuvas regulares nos últimos dias, por isso, perspectivamos garantia da segurança alimentar de todas as comunidades locais”, antecipa Ercília Cau segundo a qual, em caso de aumento da produção, Mandlakazi vai convidar vários comerciantes para comprarem as culturas localmente produzidas e revenderem-nas nos mercados dos distritos de Xai-Xai e Chibuto, bem como nos mercados das províncias de Inhambane e Maputo.

Influência de chuvas e pragas na produção

A perspectiva feita para a campanha 2021/2022 não vai ser tão fácil. O arroz, por exemplo, é uma das principais culturas em Mandlakazi e, como várias outras, teve uma produção prejudicada tanto por fenómenos naturais como por deficientes infra-estruturas de produção agrícola.

As zonas com maior produção de arroz, no distrito, são os postos administrativos de Chibondzane, Chidenguele, Macuácua e as aldeias de Chicome A e B, Vamangue, Malene e Machulane. Nestes locais, por falta de meios melhorados, é usado o sistema de rega natural.

Para a primeira época da campanha agrícola 2020/2021, o distrito de Mandlakazi havia planificado uma produção de 591 toneladas de alimentos diversos, incluindo o arroz, mas conseguiu 440 mil e 373 toneladas, uma produção abaixo do esperado devido a períodos de chuvas que resultaram em inundações e perda de dois mil e 431 hectares de milho, mandioca, feijão-nhemba, batata-doce e arroz.

Segundo a directora, durante a campanha agrícola 2020/2021, o distrito obteve uma produção dificultosa devido também à falta de fundos, aliada à insuficiência de combustível para assistência técnica aos produtores locais.

Outros factores que prejudicaram a produção agrícola  em Mandlakazi foram as vias de acesso não condicionadas para escoamento de produtos e a disponibilização tardia de sementes. “No global, o distrito registou uma perda de mil e 900 hectares devido a lagarta de funil de milho, associada à praga de ratos, que estão a tomar proporções alarmantes nos últimos tempos”, justificou a fonte antes de acrescentar que, para minimizar o problema, o SDAE está a sensibilizar os produtores a fazerem iscas nas machambas de modo a eliminar os bichos malignos.

Ainda de acordo com a dirigente, os produtores de Mandlakazi receberam, do governo e parceiros, mais de 14 mil e 600 quilogramas de sementes, das quais oito mil e 900 são de arroz, cinco mil e 550 de milho e cinco mil e 150 de feijão-nhemba.

Ercília Cau informou que o sector agrícola em Mandlakazi é inspirador e os produtores estão envolvidos no agro-processamento de produtos locais que resulta em sumos usando a cenoura, banana, abacaxi e a mandioca. Com este último tubérculo, por exemplo, a população também faz farinha enriquecida, que é usada para a produção de biscoitos com valor muito nutritivo.

Impulsos do projecto SUSTENTA

Recentemente, o distrito de Mandlakazi recebeu, do projecto SUSTENTA, 18 extensionistas e três tractores com respectivas alfaias. O conhecimento técnico e o equipamento de produção vieram impulsionar a prática agrícola bem como a recolha de dados sobre a produção em Mandlakazi.

Segundo a directora, o SUSTENTA está a favorecer a três grandes agricultores, que trabalham com um total de 300 pequenos produtores. Estes já conseguiram semear, para a presente campanha, 191 hectares de milho, arroz e feijão-nhemba, o que acaba de resultar na colheita de 160 mil toneladas de vários produtos.

Nós contamos actualmente com 39 extensionistas e 28 motorizadas distribuídas pelos postos administrativos que prestam assistência técnica aos produtores. Os mesmos fazem transferências de conhecimento e tecnologias, como a agricultura de conservação, estratégias de cultivo em períodos de mudanças climáticas, uso de semente melhorada, agro-processamento de hortícolas e frutas – tendo em conta que o distrito produz muita fruta – e a produção de mel”, informou a fonte.

A directora reconhece o fracasso na área de produção de arroz registado na campanha 2020/2021. “Naquela campanha, produzimos quatro mil e 294 toneladas de arroz, não tendo alcançado a meta desejada, que era de seis mil e 498 toneladas. Isso deveu-se ao facto de termos registado queda excessiva de chuva que resultou em perda de mil e 900 hectares que já haviam sido preparados”, contou Ercília Cau.

Doenças e incumprimento na produção de castanha-de-caju

Há perspectivas de boa produção de castanha para a presente campanha 2021/2022 no distrito de Mandlakazi. Até ao momento, o fruto do cajueiro é comprado ao produtor local a preço médio de 43 meticais por quilograma.

Mandlakazi espera colher mais de cinco mil toneladas de castanha bruta para ultrapassar as mil e 138 toneladas produzidas na campanha 2019/2020.

Sem revelar números, a directora informou que a quantidade obtida na campanha 2020/2021 esteve abaixo do projectado devido à queda exagerada de chuvas e ao oídio, um tipo de doença nos cajueiros, causada por fungos ascomicetos ou por parasitas que atacam gravemente as plantas, verificável por cobertura, nos cajueiros, de uma camada pulverulenta ou farinácea.

A directora do SDAE quer que o oídio seja eliminado na presente campanha agrícola. Com efeito, já arrancaram as actividades de tratamento de 148 mil cajueiros. “Este plano vai abranger cerca de 740 mil hectares. A Direcção Provincial da Agricultura e Pescas vai fazer a devida assistência técnica dos produtores e disponibilizar atomizadores e os respectivos produtos químicos para o melhoramento de produção. Queremos garantir segurança alimentar para a população e incremento das exportações do nosso distrito”, desafiou-se Ercília Cau apelando para que os produtores de Mandlakazi adiram à campanha de pulverização de cajueiros por forma a ter bons rendimentos sendo esta uma das estratégias para haver superprodução das árvores.

A responsável do SDAE em Mandlakazi informou que, no que diz respeito a vendas, os postos administrativos de Macuácua, Chibondzane e Chalala e Vila-Sede são tidos como maiores centros de comercialização. Só em 2021, foram comercializadas cinco mil e 181 toneladas de castanha-de-caju.

No mesmo ano, foram distribuídas 47 mil e 430 mudas de cajueiro distritos como Xai-Xai, Chongoene, Chigubo, Mapai, Chicualacuala, Chibuto e província de Maputo.  Ercília Cau conta que a iniciativa de distribuição de mudas visa, fundamentalmente, massificar a produção da castanha-de-caju por esta ser uma das principais fontes de rendimento no distrito.

Morte de animais por febre e carraças

Tal como o sector da castanha, a pecuária em Mandlakazi está a enfrentar desafios. Em 2021, o distrito perdeu três mil cabeças de gado bovino devido à Febre Aftosa e ao surto de Teleriose, uma doença letal, transmitida por carraças que afectam o gado por falta de banhos carracicidas.

De acordo com a directora do SDAE, Ercília Cau, neste momento, aquele ponto da província conta com dois mil e 106 currais, onde se criam 21 mil e 491 cabeças de gado bovino, nove mil e 640 caprinos, 314 ovinos e nove mil e 142 suínos.

As doenças estão a atacar grande parte dos animais. Para tentar reverter a situação, no ano passado, intensificámos a sensibilização aos criadores para que adiram às campanhas de vacinação e dêem banhos carracicidas semanais aos seus animais para resolver os problemas de Febre Aftosa e Teleriose” – disse a fonte adicionando – “em termos numéricos, a região vacinou, ainda no ano passado, 20 mil animais, contra febre aftosa e dermatose, e 193 mil 386 galinhas cafreais, contra Newcastle, bem como mil e 55 cães, contra raiva, para reduzir os efeitos nocivos da mordedura canina”, justificou a responsável do SDAE.

Avanço ténue na produção pesqueira

Em Mandlakazi, a área da pesca está a ter bons resultados. Em 2021, o distrito conseguiu arrecadar 103 milhões e 66 meticais resultantes da venda de mil e 410 toneladas de peixe capturado em 75 lagoas e 52 tanques.

Mesmo assim, o plano não foi atingido porque haviam sido planificadas mil e 753 toneladas de pescado, segundo conta Ercília Cau. Actualmente, o distrito tem 42 tanques e 12 gaiolas piscícolas para a produção de peixe em cativeiro e já estão povoado quatro tanques e oito gaiolas, com cerca de nove mil alevinos.

Para 2022, planeamos aumentar 28 tanques e montar 50 gaiolas no posto administrativo de Chibondzane. Queremos ter melhor produção e produtividade, usando as técnicas recomendadas pelos extensionistas”, concluiu a directora do SDAE.