Originária do litoral do Lago Niassa, o Nganda é uma dança em que, após as colheitas, os homens manifestam alegria pelos sucessos obtidos na produção, mas também se pratica em comemoração às vitórias em batalhas das quais os guerrilheiros saíam vitoriosos.

O Nganda é uma dança que teve particular desenvolvimento no século passado, altura dos combates realizados com o objectivo de capturar escravos que seriam vendidos para o estrangeiro a partir da na costa de Moçambique.

Posteriormente, a dança desenvolveu-se dentro de competições inter-regionais e tribais. Era executada só pelos Nyanja, da província de Niassa.

A dança vem acompanhada por obscurantismo. Cada grupo que a pratica dispõe de conselheiros, geralmente velhos, quem têm poderes mágicos. Estes distribuem amuletos a cada dançarino, entre os quais se destacam os bocados da planta “Utimbafuti”, que se pensa ter “poderes especiais”.

O conteúdo das canções reflecte o respeito competitivo dos grupos praticantes e outros problemas de ordem social, como o roubo e o rapto de mulheres.

A acompanhar a dança, são usados dois tipos de instrumentos musicais, tambores e instrumentos de sopro.

Os primeiros, em número de três, um dos quais deve ser de tamanho maior e ter pelo menos dos dois lados. Outros dois tambores, devem ser pequenos e tocados com varetas de pau fino. Entre os instrumentos de sopro utilizados, feitos de cabaças com uma membrana no tubo em que se coloca a boca, podem-se distinguir duas variedades, os Lipenga com o som agudo e o Chigubo com o som mais grave do solista. De outro modo, não se faz o Nganda.

Os dançarinos utilizam uma indumentária completamente branca, formam filas movendo-se em passos sincronizados para os vários lados, ao mesmo tempo que tocam os Lipenga e o Chigubo.

Durante a luta de Libertação Nacional, esta dança foi particularmente desenvolvida dentro das áreas libertadas, tendo constituído um forte instrumento de mobilização popular e de esclarecimento político, pelo conteúdo revolucionário das suas canções.

Hoje a sua prática estendeu-se a várias províncias do País, constituindo já um elemento cultural da unidade nacional e de luta anti-imperialista e internacionalista desenvolvida pelo “nosso povo”.